BONECAS QUEBRADAS
Motivações e desejos
O nome Bonecas Quebradas nasceu por acaso. De uma brincadeira de fechar um olho e fazer o outro tremer como o de uma boneca quebrada. Eu dei esse nome à produtora que fundei em 2007 para falar, à época, de dramas femininos. Comecei com “feminino” e passei aos poucos a deixar a palavra “feminista” caber na boca. Ao falar de papéis de gênero, tráfico internacional de mulheres, exploração sexual, feminicídio e suas relações com narcopoder e necropolítica, amor entre mulheres e empreendedorismo feminino nas peças da Bonecas Quebradas Teatro, fui amadurecendo, conhecendo-me como mulher latino-americana e, nesse lugar, reconhecendo também privilégios de cor e classe social. Revi minha própria história e passei a estudar teoria feminista e as obras de bell hooks, Audrey Lorde, Silvia Federicci, Lélia Gonzalez, entre outras.
Fiz isso enquanto estudava e via uma profunda revolução no teatro da virada do século XX para o XXI, com a multiplicação de processos colaborativos e comunidades de criação em campo expandido, mudanças nas características do que se conhece como teatro político, profundas imbricações entre arte e crítica historiográfica e uma profusão de experimentos que unem teatro e performance, ao mesmo tempo em que se misturam e se problematizam os gêneros da cena e fora dela.
A ideia é, pois, seguir fazendo teatro entre e para mulheres, para falar do que me inquieta e me provoca, do que dá vontade de ver de perto, por dentro; abrir o olho para as coisas ruins – porque, do contrário, somos presas fáceis – mas também coisas boas, luminosas, belas. Falar do pensamento e das ideias feministas fora da academia – para manicures, donas de casa, feirantes, caixas de supermercado, estudantes do ensino médio e empregadas domésticas. De modo simples e efetivo, sensível e poético, crítico e divertido. Falar com os dois olhos abertos.
Principais projetos
O Chá (organização de texto e direção de Luciana Mitkiewicz: Festival de Curitiba, Teatro Vanucci, CPFL Campinas, Circuito SESC: 2007/2008); Jogo Coreográfico (direção de Lígia Tourinho: Prêmio Funarte de Artes de Rua 2010) e Bricolage, cartografia número 1 (direção de Isabella Duvivier: Prêmio FADA da Prefeitura do Rio, 2012); As Polacas – Flores do Lodo (texto e direção de João das Neves/ CCBB Rio, SESC Ipiranga, Viagens Teatrais do SESI, IX FLORIPA Festival, Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro: 2011 - 2013); Bonecas Quebradas (Rumos Itaú Cultural 2014-2-15, Prêmio Rio Cidade Olímpica 2016 – CENIDI Danza José Limón (México DF), SESC Copacabana, Centro Cultural Municipal Sérgio Porto, Instituto Itaú Cultural 2014 - 2016); Desmontando Bonecas Quebradas (Lume Teatro/ SP; SESC Castanhal/ PA; Canto da Carambola/ RJ, Latin American House/ Londres - Inglaterra, TAV, Cine-Teatro Santa-Chiara e Suite Mondrian/ Nápole, Rende e Roma – Itália, CCJF/ RJ – 2017-2019); Memórias de uma Manicure (Patrocínio Eletrobrás para montagem e realização da primeira temporada no Rio de Janeiro – CCJF - de 19 de janeiro a 12 de fevereiro de 2023). Projetos em captação: Mara Rúbia, a loura infernal (baseado na biografia escrita por Ísis Baião e Therezinha Marçal (Aeroplano, 2012), com adaptação e direção de Gustavo Gasparani; e Memórias de uma Manicure - a série (em desenvolvimento).